5 de janeiro de 2013

Mau Discíupulo


Mau Discípulo.
11/09/07.

Subi montanhas do medo, como quem carrega a cruz.
Escrevi lindos enredos, falando só de Jesus.
Criei doutrinas e sistemas, falando de salvação.
Rimei verso de poemas, neste universo da escrita.
De tudo falei um pouco, muitas palavras bonitas.
Discursos? Mi deixou rouco;
Calejei pontas dos dedos, mas nunca sujei as mãos.

Nas rodas dos meus amigos, eu era a sapiência.
Era homem de cultura, de larga experiência.
Um líder cristão da fé, com bagagem e muita fibra;
Trazendo sempre no bojo, mensagem de esperança.
Sabia bem separar, todos os joios do bom trigo.

Entre a ralé era rei, o ídolo da humanidade.
De muita desenvoltura, proprietário da verdade.
Um homem bom sem defeitos, o ícone da caridade.
Que pra tudo dava jeito, trazendo a tranqüilidade.

Tracei mal o meu destino, caminhos que eu traçara.
Um bom carisma e fascínio, cheguei ao que desejava.
Convivi com a mordomia, no prisma da religião.
Mas longe da Estrela Guia, que nos guia à salvação.

Enganei ricos e pobres, fingindo ser missionário.
Ganhei as honras dos nobres, no fundo fui mercenário.
Tive dinheiro e carrão, e tudo o que desejei.
Almejei ser bom cristão, para estar de bem com céu,
... Mas esqueci de amar.
Só o véu da escuridão, nas trevas foi que encontrei.

Cada um recebe o troco, daquilo que se comprou.
O meu troco é amargura, de quem bem pouco amou.
De tudo o que fui à Terra, não passou de ilusão;
Para os homens fui um santo, para Deus fui mal cristão.
  
Jorge.

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