Mau Discípulo.
11/09/07.
Subi montanhas do medo,
como quem carrega a cruz.
Escrevi lindos
enredos, falando só de Jesus.
Criei doutrinas e
sistemas, falando de salvação.
Rimei verso de
poemas, neste universo da escrita.
De tudo falei um pouco,
muitas palavras bonitas.
Discursos? Mi deixou
rouco;
Calejei pontas dos
dedos, mas nunca sujei as mãos.
Nas rodas dos meus
amigos, eu era a sapiência.
Era homem de cultura,
de larga experiência.
Um líder cristão da
fé, com bagagem e muita fibra;
Trazendo sempre no
bojo, mensagem de esperança.
Sabia bem separar,
todos os joios do bom trigo.
Entre a ralé era rei,
o ídolo da humanidade.
De muita
desenvoltura, proprietário da verdade.
Um homem bom sem
defeitos, o ícone da caridade.
Que pra tudo dava
jeito, trazendo a tranqüilidade.
Tracei mal o meu
destino, caminhos que eu traçara.
Um bom carisma e
fascínio, cheguei ao que desejava.
Convivi com a
mordomia, no prisma da religião.
Mas longe da Estrela
Guia, que nos guia à salvação.
Enganei ricos e pobres,
fingindo ser missionário.
Ganhei as honras dos
nobres, no fundo fui mercenário.
Tive dinheiro e
carrão, e tudo o que desejei.
Almejei ser bom
cristão, para estar de bem com céu,
... Mas esqueci de
amar.
Só o véu da escuridão,
nas trevas foi que encontrei.
Cada um recebe o
troco, daquilo que se comprou.
O meu troco é
amargura, de quem bem pouco amou.
De tudo o que fui à
Terra, não passou de ilusão;
Para os homens fui um
santo, para Deus fui mal cristão.
Jorge.
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