5 de julho de 2016

Solidão Na Multidão.

Solidão Na Multidão.
05/07/16.

Um grito, um silêncio, uma solidão, uma multidão.
É assim que me sinto, quando estou numa rua movimentada, ou agrupado numa festa. Pior numa rua movimentada onde ninguém conhece ninguém, onde ninguém faz pergunta e ninguém faz questão de responder. Sinto-me parte de uma espécie, a espécie humana, mas é como se eu fosse de uma espécie diferente, não humana, um (ET) talvez. Rezo com toda a minha devoção para que nada de ruim me aconteça, pois se acontecer obviamente não saberei a quem recorrer. A vida de ninguém importa, ou pouco importa a ninguém. Nas igrejas superlotadas, todos fazem juras de solidariedade, mas nas ruas; Ah! Nas ruas! Quem nos conhece? Quem nos estenderia mãos amigas em caso de precisão, ou mesmo, quem perderia um segundo do seu tempo para perguntar: Como está? O louvável ato de cumprimentar-se saiu de moda, perdeu o seu real valor. São tanta gente, tanta gente em algumas ruas, que até o ligeiro oi não faz mais sentido a ninguém, é perca de tempo, imaginam; todos estão com muita pressa. Pedintes em grupos estendem as mãos em vão, "só os anjos invisíveis vêem e ouvem os seus rogos, mas a única coisa que os anjos podem fazer de bom para eles é vibrar muito amor", mas aqueles pedintes, excluídos da sociedade, querem e precisam algo mais, alguns querem um pouco de atenção, outros querem um banho, um emprego para poder voltar a viver dignamente, ou mesmo um pedaço de pão. Para livrarem-se deles o mais rápido possível, tem aquelas pessoas que já trazem entre os dedos moedas de pequeno valor, dez, cinqüenta centavos; doa com certo temor e foge rápido se mistura a multidão. Mas nem sempre é isto que aqueles pedintes estão querendo, a maioria que não tem com quem falar quer ouvir a sua voz, o seu pensar; quer dialogar com você, mas você está com pressa, está atrasado, não dá à mínima; o compromisso profissional exige de você pontualidade Caxias. Aí fica uma pergunta e uma recordação: Será minha gente, que o mundo tem de ser deste jeito mesmo? Ah! Que saudade de outrora, tempos que não volta mais! Tempos que a prosa fazia eco, encontrava quem queria ouvir. Passavam-se horas a fio filosofando-se e pressa era coisa que bem poucos tinham. Mas aí não sei se para o bem ou para o mal, desenvolveu-se a tal tecnologia e todos se tornaram escravos do capitalismo, o dono da tecnologia; hoje a pessoa só tem duas opções na vida: Correr atrás e procurar o que não perdeu e se lamentar amargamente por tudo aquilo que não achou; por tudo aquilo que não foi possível conquistar. Onde está aí a sabedoria de viver? Na Solidão Na Multidão? Precisamos rever conceitos.


Jorge Cândido.

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